Ponto final

Hoje comprei o jornal O INDEPENDENTE mas raramente o compro. Entrei na papelaria (que nunca é demais lembrar-vos, que fica na mesma rua da loja mais cool do concelho) e 'tava lá um montinho de jornais com um grande ponto final na capa que me chamou a atenção. Peguei num exemplar, espreitei-lhe as costas (hum...) e depois decidi passar os olhos pelo o interior (hum...) e convenceu-me. Já mais perto da caixa, procuro o nome em euros (2,50... hum!Abusados!), pondero e compro. É a última edição d'O INDEPENDENTE, finito! Já não há mais, acabou. Li as palavras do Zé Diogo Quintela (um gato fedorento.viva o ano de 77!) e depois li as do Miguel Esteves Cardoso (um má lingua), e foi algumas dessas palavras (deste último) que decidi 'postar' no blog:

(...) A felicidade é um raio de uma semente que, uma vez plantada, nunca mais pára de dar fruto. É pena o fruto ser um veneno tão grande, sem antídoto, sem fim. É pena o fruto ser a saudade, o abatimento, e o desespero na versão mais comezinha e mais fatal, de já não haver esperança, de já não valer a pena esperar, por maior que a pena possa ser e por muitos que haja, dispostos a suportá-la.
Mas a felicidade é nisto que dá, mais tarde ou mais cedo, mas sempre cedo demais. Mesmo quando quando é muito tarde, dá em tristeza e saudade, e noutras coisas não tão bonitas de se dizer, mas que por isso mesmo, por essa fealdade humana, custam mais a sentir e são mais solitárias e difíceis de partilhar. (...)
A felicidade é uma língua rara, quase morta. Mas bem conversada e paginada, volta à vida e até se deixa escrever, quando a deontologia está de costas e a ontologia, oportunista, manda-a foder.(...)
Não se diga que não faz mal. Faz mal. Faz sim. (Mal_Miguel Esteves Cardoso; O INDEPENDENTE, 02SET2006)